quarta-feira, 3 de julho de 2013

#36. Diários de bicicleta, dia 5: pequenos milagres/The bike diaries, day 5: on miracles

[English version below}

Eu acordo e vou pedalando pra loja de bicicleta. Se meu joelho esta assim, deve ser algo com a postura na bike, eu penso, na esperanca que um ajuste especializado possa salvar minha pátria.
Meu joelho dói tanto nos 15 minutos de pedal até o centro que sinto vontade de chorar. Tenho medo de nao conseguir continuar a viagem. Tenho certeza que vou ter que comprar um par de tênis e continuar até Santiago caminhando.
O mecânico gatinho nao entende nada do meu problema, mas levanta o banco da bici no maior carinho e diz que eu tenho que ir embora, porque a loja está cheia e ele nao pode ficar perdendo tempo com bobagem. "Ali na frente está o hospital; acho que é pra lá que você tem que ir com seus joelhos assim".
Volto e passo o dia com o Enzo na cidade. Faz um sol maravilhoso, e de vez em quando eu paro num bar, peço um copo de vinho e um saco de gelo pra colocar no joelho.
Vamos no Museu da Evolucao Humana. Estou meio bêbada e tudo parece surreal - o homem-macaco, o paleolítico, a extinçao dos dinassauros, as sinapses cerebrais, a descoberta do fogo. Damos uma caminhada e depois vamos pro terraço ouvir música e tomar mais um vinho.
O Enzo me espera na mesa; eu volto com duas tortillas na mao.
No caminho pra mesa meu joelho faz um click.
Bebo mais meia garrafa de vinho e volto pra casa pedalando.

Nao tenho nenhuma dor.
É como se meu joelho tivesse voltado pro lugar.

****
I can't stand the pain in my knees. As I cycle to a bike store in Burgos I think about where to buy shoes to walk to Santiago. I'm sad and I can barely walk, let alone cycling.
The guy in the store says he can do almost nothing with my bike and points me out the directions to the hospital nearby. I cycle back in pain and wash my bike for 1 euro in the gas station. Funeral feelings.
Enzo is getting back from a public swimming pool and we spend the day walking around the city. We eventually stop for a coffee and I ask for a bag of ice to put on my knees. I´m already drunk when we reach the Museum of Human Evolution, and I have some surreal two hours wandering around, tipsy and learning about dinosaurs, brain sinapses and neanderthals.
It´s already night and we´re in the main square to watch a concert. I walk inside the bar to get a tortilla; Enzo's waiting outside with glasses of wine. I feel a click on my knees and smile inside, then drink half a bottle of wine and come back home cycling.

I have no more pain.
My knee is back to me again.

Um comentário:

  1. isso aí Mari, o vinho é um santo remédio. continue bebendo e pedalando. a primeira coisa que faço quando acordo é ler o seu diário e ter um pouquinho da sensação do que é a vida em duas rodas. e a minha imaginação me leva praí bem juntinho de você,
    beijos enormes e muitas saudades
    Dami

    ResponderExcluir