quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

#23.Couscous de quinoa ultra proteico/Protein rich quinoa couscous

[English version below]

Vegetarianos de todo o mundo, uni-vos. Restos de geladeira em estado terminal? Pois vamos transformá-los num maravilhoso couscous de quinoa.  A idéia aqui é substituir o tradicional milho pela quinoa, a salvação da desértica pátria dos sem-proteína animal. Porque quinoa é vida, e vida que fica pronta em 20 minutos. Esse couscous é rápido e fica belo, muito belo, e gostoso, muito gostoso.
A receita aqui é pra 1 pessoa que esteja desesperada - sim, foi baseada nas minhas quantidades pessoais de fome-de-máquina-de-cortar-grama depois da corrida.  Se forem duas as pessoas pra comer, e se elas não tiverem nesse estado de lama, acho que esse tanto de couscous é razoável e dá pra segurar a onda.

Andiamo! Você vai precisar de:

1/3 copo de quinoa
1/2 copo de grão de bico cozido
1 dente de alho esmagado
1 colher de sopa de azeite de oliva
1/3 do vidro de molho de tomate
 1/5 de couve-flor cortada em pedacinhos minúsculos
(você pode substituir por brócolis, abobrinha, cenoura, pimentão ou o legume que você quiser)
nozes
uma pitadinha de açúcar
sal
os temperinhos que você gostar - pimenta do reino, alecrim...
um punhado de rúcula

Como fazer:

Numa panela coloque a quinoa pra cozinhar com um pouco de sal e 2/3 copo de água.
Em outra panela esmague o dente de alho e deixe fritando um pouquinho no azeite de oliva. Coloque o grão de bico, o couve-flor, os temperinhos e o sal, e junte um pouquinho de água pra não queimar.  Deixe no fogo por uns dez minutos e depois coloque o molho de tomate com o açúcar. Deixe o molho preparando por mais uns dez minutos, sempre adicionando água pra não ficar muito grosso.  Jogue a quinoa dentro do molho e deixe mais uns minutinhos, misturando bem, e por fim jogue as nozes. Sirva com a rúcula crua em cima do seu prato.

Trilha sonora pra preparar esse rango:



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Vegetarians of the world, unite!
You get home late and check refrigerator. Sad vegetables saying goodbye to their golden fresh days? We can work it out - let's transform them into a protein-rich quinoa couscous. The idea behind this recipe consists of replacing the corn couscous with quinoa, thus adding protein to your everyday life in quite an easy way. Well, by following the instructions below you're gonna end up with a huge portion that can feed either 1 very, extremely hungry person or two not-so-desperate-reasonable-human-beings. As I'm always starving, don't think I'm reasonable enough and I usually doubt if I do really belong to the realm of human beings, I fit in the first category - this portion was based on my personal needs and on the lunch I made myself today.

Andiamo! Ingredients:

1/3 glass of quinoa
1/2 glass of cooked chick peas
1 clove of garlic (crushed)
1tbsp olive oil
1/2 cup of tomato sauce
1/5 cauliflower chopped in small pieces
 (but you can replace it with your favorite vegetable - zucchini, broccoli, red pepper, carrot...)
1 tsp sugar
salt
your favorite spices
rocket leaves


Boil the the quinoa in one separate pan with 2/3 glass of water and a little bit of salt.
While you're waiting for the quinoa to cook, pick up another pan and throw the olive oil and the garlic inside. Add the chick peas, the cauliflower, salt and spices with a little bit of water to prevent it from burning. Leave it on the fire for 10 minutes and then add the tomato sauce with 4 spoons of water, and leave it boiling for 10 minutes, and then put the quinoa (it might be already cooked at this point) inside it.  Mix it properly and then serve with the rocket leaves on top of it.

If you listen to this while you're cooking, I'm sure the food will get even better:



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

#22. Comida indiana vegeta/Vegetarian Indian food

(English version below]

Saravá, amigo Caio, há tão pouco tempo experimentando o mundo vegetariano e já trazendo alegrias pro pessoal que não aguenta mais comer o mesmo pão com queijo! 
Pois bem - esse post vai com o patrocínio do meu amigo querido, recém vegetariano e apaixonado pela comida indiana.  É que foi o Caio que me mostrou hoje o site dos sonhos: comida indiana vegeta, com todas as receitas apresentadas pela maravilhosa Manjula - que, aliás, já começa a apresentar cada uma com um Namastezão, jogando a good vibe nos telespectadores.
Vou testar aqui e vos contarei os resultados em breve.
Namastê, companheir@s!

www.manjulaskitchen.com

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God bless my friend Caio - he's been flirting with the vegetarian world for not so long, but he has already come in our behalf to save us from the boring cheese-and-bread vegetarian diet...  Indian vegetarian food, each recipe presented by the cook - Manjula - herself -, carefully preceded by a Namaste in order to send your food the good vibes.  Who needs more?

www.manjulaskitchen.com


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

#21. Stereomood

[English version below]

Para aqueles que não conhecem, aí vai meu melhor amigo (logo depois da bicicleta): o Stereomood.
Sou humilde, mas seletiva nas amizades, e essa companheira aqui consiste numa estação de rádio que prepara pra você uma lista de músicas a partir do seu humor.  As opções cresceram e estão maravilhosas: tem coisas tipo "jantar à luz de velas", "fazendo faxina", "estudando", "amante intergaláctico" e tudo o que você puder imaginar -  mas todas as opções em inglês.
Eu adoro o "yoga" pra praticar, mas sou apaixonada pelo "instrumental", "peaceful" e "reading", que seguram minha onda nesses dias de ficar horas trabalhando.  O Stereomood é maravilhoso, e todo mundo pra quem eu apresentei se apaixonou.  Créditos devidos, quem me apresentou este amigo foi a Janes, lá dos outros lados do Atlântico - gracias, hermanita.

Se joga na felicidade e na terceirização musical: www.stereomood.com

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If you still haven't met him, let me introduce you to my second best friend, the guy that comes after after the Bicycle in my list: that's Stereomood.
I have to say I'm quite picky when it comes to friendships, and Stereomood is such a great character for you to meet.  That's an internet radio station that prepares you a playlist according to your mood. There are great themes such as "candlelit dinner", "space lover" and cleaning... but I'm personally crazy about the "Yoga", "instrumental", "peaceful" and "reading", to which I always come back in the endless hours of paper-writing alone in the winter.  Just as I'm introducing it to you, I got to know it through another friend of mine, who lives in Brazil and has such an incredible musical taste: thanks Janes!

Here you have the link - enjoy!: www.stereomood.com

#20. Enciclopédia de yoga

Da última vez que fui ao Brasil acompanhei minha mãe na aula de yoga dela.  Ela pratica duas vezes por semana numa academia lá em Curitiba e adora o professor, que é daquelas pessoas tão doces que dá vontade de embrulhar num pacote de sonho de valsa.
Ela sempre fala dele, e vive dizendo que volta e meia ele tá em Mariscal fazendo uns cursos com um cara chamado "Pedro", aparentemente chileno e surfista.
Pois pesquisei e descobri: ele chama Pedro Kupfer, é uruguaio, pratica há um tempão e escreve pro site www.yoga.pro.fr - que eu, aliás, já corri pra colocar na lista de links aí do lado.  O site é especialmente legal pra quem quer começar a praticar yoga e não sabe qual delas escolher, pra tirar dúvidas sobre o vocabulário e jargões yogis - pranayama, mudra, nyama, yama, ujjai, bandha e etc -, pra entender os principais debates que rolam hoje dentro dessa cena, ficar por dentro de cursos e workshops... Eu mesma fiquei com vontade de conhecer o Pedro e fazer um prática com ele em Mariscal, que no fim das contas também é uma praia linda.
Pra quem vive na Europa: ele vai dar um monte de workshops em Portugal daqui a pouco.  Dá uma olhadinha lá no site, vale a pena:

www.yoga.pro.br

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

#19.Entrar no paraíso pedalando: guia pra viajar de bicicleta pela Suíça, parte 2

[Esse post é a continuação da parte 1, publicada no dia 7 de fevereiro. Pra dicas completas sobre viagem de bicicleta na Suíça, leia as duas publicações]


Enroscada nas frestas entre o estar e ao mesmo tempo partir, a vida é um passeio de bicicleta.
Se você morrer e tiver uma opção de transporte pra ir até a luz, escolha a bicicleta. 
E se você continua viva e quiser escolher um caminho pra felicidade, pegue uma ciclovia suíça e saia pedalando.

***
Como são as ciclovias na Suíça?
Aqui na Suíça as ciclovias são asfaltadas, mas você certamente vai encontrar trechinhos mais curtos que  não são pavimentados [informações precisas sobre sua rota você encontra lá no site www.veloland.ch].  O sistema de ciclovias é genial e gigante justamente porque não foi construído como uma alternativa às estradas - ele está dentro ou integrado a elas. Às vezes você pedala por uma ciclofaixa demarcada no asfalto, outras vai por uma ciclovia separadinha e paralela, e de vez em quando a plaquinha te manda pegar à direita, você simplesmente desvia e entra num parque para depois retomar a estrada lá na frente. Em qualquer dessas opções, o que acontece é que os caras aproveitaram mesmo a gigante malha viária suíça pra que você possa conhecer o país de bike.  Só que mais: ao construir as milhares de rotas ciclísticas, o pessoal resolveu indicar as estradas que atravessam as paisagens mais bonitas, algumas onde não passa carro e que cortam sitiozinhos no meio do nada, ou ainda caminhos pavimentados minúsculos que seguem os rios nos vales entre as montanhas. Você está pedalando na estrada e de repente pluft! está no meio de uma catedral em Sion, pra depois descer descer descer e dar de cara com a vista de uma cadeia montanhosa toda nevada na região do Valais.  Stricto sensu.
Na estrada, não se preocupe: os motoristas suíços são super cuidadosos. Mas eu não gosto de dar mole, por isso não pedalo de noite - o que, na verdade, não é lá uma grande limitação.  No verão o sol se põe às 10 da noite.

***
Com que bicicleta eu vou?
Uma coisa importante que às vezes a gente esquece: a bicicleta é um veículo. A gente não encara uma trilha de lama com um Ka, não vai na padaria de trator e dificilmente dará uma voltinha de Vespa na Sibéria. Em diferentes graus, é a mesma coisa com a bicicleta.
Primeira lei: a não ser que você vá pedalar bem pouquinho - digamos lá, uns 20 km -, não vá de city bike, essas bicicletas urbanas que muitas vezes não têm marcha. As dobráveis também se incluem nessa categoria. Ir com essas bikes é sinônimo de perrengue - elas foram feitas pra ajudar na nossa locomoção na cidade, não pra explorar o mundo.
Mountain bikes, muito populares no Brasil, não são a melhor opção porque afinal de contas você vai estar andando só no asfalto, e as mountains são pra trilha, mais robustas e pesadas, com pneus grossos.  Mas se não tiver jeito, vá lá!  Você vai suar mais, mas o importante é pedalar.
Se você quiser ir longe, longe, procure uma bicicleta gostosa e leve. Há bicicletas pra cicloturismo ou híbridas - com um pneuzinho um pouco mais fino, e nas quais você pode colocar um alforge e levar sua bagagem.
Eu não sou um bom exemplo e costumo ir com uma road bike, essas bicicletas de corrida que têm um pneuzinho fino, são levíssimas e correm pra dedéu (é que eu adoro realmente pedalar essas bikes em que você quase se funde com a máquina...). Elas são feitas exclusivamente pro asfalto, mas a minha e a da minha companheira de trilhas já encarou muita estrada de chão (miraculosamente) sem furar o pneu.
Você pode trazer a sua bici pra cá ou alugar aqui. Nesse site eles te dão dicas de como empacotar a bike no avião, e aparentemente não é assim tão hardcore:
Para alugar bike na Suíça:
Para escolher sua bicicleta:

***
O que levar num passeio de bicicleta?
Quanto mais leve, mais livre.
Eu tenho uma mochilinha bem pequena que eu levo quando passo final de semana - caso a viagem seja de um dia, vou com aquelas blusinhas de ciclista e enfio tudo nos bolsinho de trás.
Não esqueça: documento de identidade e dinheiro.
[Uma vez, por exemplo, eu bati a 30km/h num vaso, estraguei toda a bicicleta e tive que voltar de trem.  Sem dinheiro, tive que extorquir minha companheira Carol - lama amadora, eis o pior que pode te acontecer].
Comidinhas - banana e mix de castanhas com frutas secas são ótimos. Parar pra fazer piquenique em beira de lago é uma delícia.
Não seja besta: pare para comer e tomar uma cerveja nos restaurantes que estão pelo caminho, assim sua viagem vira uma exploração da cultura suíça também.
Água é vida, e na Suíça a água é potável.  Nas cidadezinhas ao longo da rota você vai encontrar um monte de fontes gratuitas pra encher sua garrafinha.
Nunca esqueça um bom capacete.
Nunca esqueça luvas e corta-vento levinho -  a ventania aqui não é brincadeira, meus amigos.
Sempre tenha um mapinha ou iphone na mão.  Efeito placebo nunca é demais num país estrangeiro.
***

Algumas fotinhas:


Exemplo de ciclovia: flores, cachorro e pedestre




Uma das milhares de pontes lindas que a gente atravessa no meio da ciclovia



Paisagem de um rio cinza (!) no meio da rota


***


Se você quiser pedalar pela Suíça e precisar de mais dicas, só escrever um comentário pra mim aqui. 
E mais uma vez: tudo que está aqui foi de alguma maneira aprendido, compartilhado, vivido, sofrido, e/ou aproveitado com a Carol - minha amiga-irmã, companheira de ciclismo e aventuras.  Namastê, Caroles.

Todas as fotos por/no celular de CAROL.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

#18. Música pro carnaval dos amigos exilados na Europa/Music for the Brazilian friends who have to spend their carnival stuck in the European winter

[English version below]

Hoje é dia carnaval. E eu adoro carnaval.
Mas meu carnaval é de exilada, e de exilada no inverno tenebroso.
Então vamos ouvir música.
Só que música de carnaval deprê não pode ser nem muito triste, senão a gente se joga pela janela, mas nem muito feliz, senão dá vontade de matar alguém quando olha pro céu e tá aquele cinzão.
Então vamos para a solução: músicas épicas, mei-mísitcas e bem lindas, porque na falta da rebolation só nos sobra a metafísica. Viva o auto-conhecimento - seja no bloquinho, seja na chez vous!
Feliz carnaval a tod@s.
[Ah! Os vídeos são lindos, viu?]
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Today is carnival in Brazil.  And I actually love playing around in the carnival...
But I'm in this self-exile. And while carnival is in full swing back in Brazil I'm trying to cope with this endless winter here.
So let's play some music today.
But watch out: in the carnival you have to be specially careful about the kind of music you're choosing to listen to.  If you go too melancholic you risk to throw yourself away from the window - yet don't go way too happy neither for you might get confused and quite angry when you find out others back in Brazil are having the best time of their year and you're stuck with a grey sky.
So I chose for you two half-mystical, highly epical, quite beautiful songs.  If you don't have carnival, then try metaphysics with me.
Have a happy carnival everyone!


Flaming Lips - Do you realize?


Bjork - Unravel



Spiritualized - Soul on Fire







quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

#17. Entrar no paraíso pedalando: guia pra viajar de bicicleta na Suíça, parte 1

El diámetro del Aleph seria de los dos o tres centímetros, pero el espacio cósmico estaba ahí, sin disminución de tamaño. Cada cosa (la luna del espejo, digamos) era infinitas cosas, por yo claramente la veía desde todos los puntos del universo...... vi la circulación de mi propia sangre, vi el engranaje del amor y la modificación de la muerte, vi el Aleph, desde todos los puntos, vi en el Aleph la tierra, mi cara y mi vísceras, vi tu cara, y senti vertigo y lloré, porque mis ojos habían visto ese objeto secreto y conjetural, cuyo nombre usurpan los hombres, pero que ningú hombre ha mirado: el inconcebible universo.Sentí infinita veneración, infinita lástima." (El Aleph, Jorge Luis Borges)

O ciclismo no post-mortem
A gente morre e vê a luz – bem longe, bem longe. A gente caminha e ela continua pequenininha; cada centímetro do caminho é uma passagem da vida com todas as coisas que ela contém, até chegar no segundo final em que você encontra a luz a ela se funde no tempo presente da morte vivida, e o presente é a consciência condensada de tudo que você é e viveu – voilà, você ganhou o passaporte pros ladosdelá.  Você caminha, e todo centímetro contém o mesmo que o Aleph do Borges, todos os acontecimentos que você viveu vividos dentro de você mesma, mas você assiste agora dentro e fora de você. Todas as pessoas e todas as sensações, incluindo a cãibra que você sentiu no pé naquele dia da quinta série, o cheiro do seu cabelo quando você saiu do banho em 4 de janeiro de 1986, o olho vermelho de cloro da sua primeira vez na piscina e também o olho vermelho de todas as outras primeiras vezes: da primeira vez que você viu alguém morrer, do seu primeiro beijo, da descoberta do sexo do outro; da primeira vez que você assistiu alguém que você amou dormindo do seu lado e pensou que nunca mais queria sair dali. Quentinho da lágrima mais chorada da infância na sua bochecha esquerda, bem na voltinha do nariz, e ela vem junto com aquela sensação horrível do brinco furando sua orelha quando você ainda era bebê e sua mãe achava que você não sentia nada, nem dor nem alegria
Se você vai andando, nunca mais vai chegar naquela luz lá longe.  De carro nem pensar – ir pra luz de carro é a morte mais sem poesia que pode existir. De motocicleta pra quem gosta – à la Easy Rider -, vá lá, ou de trem.  O melhor veículo, aquele com a velocidade perfeita e a sensação física do vento na cara e do corpo que não saiu do planeta Terra e que ainda se esforça joelho acima pra continuar – o melhor veículo pra passar pro lado de lá é definitivamente a bicicleta.
 ***
Porque
A vida é um passeio de bicicleta.
Se você morrer e tiver opção, escolha a bicicleta. 
E se você continua viva e tiver que escolher um caminho pra chegar na luz, escolha uma ciclovia suíça e saia pedalando. 
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Pergunte-me como
Ao que interessa: a Suíça é um paraíso pra quem quer fazer turismo em cima da bicicleta.  Imagine um país minúsculo, cheio de paisagens lindas, montanhas nevadas, vaquinhas pastando, lagos e rios cor de turquesa, e tudo isso atravessado por um sistema de ciclovias gigante e super organizado. Multiplique sua imaginação por mil.  É isso.
 ***
Quando: mas faz frio, então é preciso escolher.  Primavera, verão e comecinho do outono (bem comecinho) ainda dá; o inverno é longo, nem pense (já testei todas as estações com minha compnaheira de ciclismo e tivemos o pé traumaticamente congelado nos primeiros quinze minutos do outono). Em termos calendáricos, isso significa:
- Abril, maio e junho, quando ainda é friozinho-fresquinho e você caminha no meio das flores (ou da chuva, viu?, porque chove bastante nessa época!)
- Julho, agosto, setembro: é calor, mas à medida que chega perto do outono vai ficando espetacular, com as folhinhas vermelhas forrando árvores e chão por todos os lados.

Pra onde ir? Suíça-maravilhosa, pensamento de gavetinhas etiquetadas: há um site oficial contendo TODAS AS ROTAS de bicicleta ao longo do país.  Segure na mão de Deus – se quiser fazer ciclismo na Suíça, se agarre nele com todas as forças quando vier pedalar por aqui: www.veloland.ch
Pra começar, há 9 rotas nacionais maravilhosas  e muito bem sinalizadas – cada uma tem um número (1, 2, 3, 4…) e você vai literalmente seguindo as plaquinhas. Essas rotas nacionais têm aproximadamente 400 quilômetros cada uma e são temáticas: a rota 9 te leva pra um circuito de vários lagos da Suíça, a 8 faz você seguir o (lindíssimo!) rio Aare e assim por diante.  Há rotas mais difíceis, com montanhas e trechos de terra, e há rotas mais tranquilas, planinhas e generosas.  Tudo isso você encontra nesse site – e vale mesmo a pena olhar direitinho. Já subi montanha e realmente, companheiros, subir montanha de bike na Suíça é para pessoas com muito amor no coração.
Com 400 km, as rotas nacionais são longas, mas elas também estão divididas em várias seções de 20, 30 km cada.  Você pode fazer um ou dois ou três ou quatro pedaços da rota, e depois simplesmente parar, pegar o trem e voltar pra cidade onde você está, e aí sair de novo no outro dia – sim, você pode levar sua bicicleta no trem (o preço do ticket pra bike viajar de trem ilimitadamente durante um dia é de 14 francos suíços, mais ou menos 11 euros).
O sistema de trem é maravilhoso na Suíça, e se você estiver em algum lugar central do país (Berna, Zurique, Genebra, Lausanne), não se preocupe que você encontrará condução pra sua casa.  Pra qualquer dúvida, o site dos trens suíços é este:
Ou você pode dormir e continuar no outro dia, e nesse caso utilize esse maravilhoso site insider com alojamento estilo bed & breakfast ao longo de toda a Suíça:
Além das rotas nacionais, há também regionais e locais, mas elas são um pouquinho mais chatinhas porque às vezes eles sinalizam o caminho com placas invisíveis.  Ou enfiam as placas visíveis em lugarem invisíveis, não sei (a rota regional 50, por exemplo, eu já tentei umas três vezes – sempre me perco). Enfim: experimente as nacionais primeiro, e depois parta pras rotas alternativas, baby.

Seja suíço, consulte a previsão do tempo: se vier pedalar, um dia antes de sair para o seu passeio consulte a previsão do tempo no www.meteosuisse.ch.
E sempre tenha uns 3 planos de passeio no bolso pro caso do tempo estar ruim pra um deles.
Se eles disserem que tem vento, acredite, treine a humildade e passe pro passeio plano B ou C.  Ou se prepare pra ralar o tcham: com vento o passeio fica pelo menos 50% mais difícil.
O mesmo vale pra chuva. 

Fotinhas

Exemplo de plaquinhas das rotas na Suíça


Pedalando em abril: nossas bicicletas encontrando descanso num dia dia de primavera.

No meio da rota 8, lá na Suíça profunda. Amigas, bicicleta, a ótima sinalização suíça

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Amanhã continuo esse post, que já está grande demais, com dicas de bicicleta, o que vestir, o que enfiar na mochila/alfoje etc.
E não posso deixar de dizer: tudo que está aqui foi de alguma maneira aprendido, compartilhado, vivido, sofrido, e/ou aproveitado com a Carol - minha amiga-irmã, companheira, querido presente recebido dos céus por Deus para viver os melhores momentos na Suíça.  Namastê, Caroles.
Todas as fotos por/no celular de CAROL.

#16. Está tudo calmo no universo

Essa quem me mostrou foi minha amiga Pilar.  Já sou meio apaixonada por ela; agora adicionei essa poesia à minha paixão.
Ah!, sem esquecer que essa vem do site que a Pi também me mostrou, e que é realmente fenomenal - vai lá:

http://www.umilhao.com.br/

* * *

Está tudo calmo no universo (Vaner Micalopulos)

caminho atropeladamente
mas tudo está calmo
no universo

tropeço nas pessoas
que tropeçam em mim
pelo buraco
desço escadas
tudo meio desajeitado
mas, fora isso
parece que está tudo

tranquilo

no universo, e sei que isso
é uma ilusão
a partir do momento que

paro

pra pensar no assunto
e, repito, sei que é tudo
ilusão de calmaria
pra gente não se dar conta
do turbilhonamento incessante
que é toda esta nossa realidade
de planetinha frágil e bobo
pendurado num nada que é

caos puro

pendurado numa enorme massa
de matéria negra
gases
luzes
todas essas coisas que eu
não entendo
porque estão muito

longe

de mim
mas eu finjo que entendo
porque leio revistas legais
e vejo programas legais de televisão
e eles me passam uma segurança
pois penso que se essas certezas
estão em todo lugar
é porque a gente sabe

realmente

o que está acontecendo
no universo
e fica tudo bem
mesmo assim

bem

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

#15. Yoga, Inc

Há tempos que eu queria assistir, e finalmente ontem rolou antes de dormir.
Yoga, Inc é um documentário curtinho, menos de uma hora, que discute a ultra-mercantilização da yoga hoje em dia.  Da venda de "calcinhas para os chackas" (chackra panties) aos bizarros concursos de melhor yogi do mundo, passando pela criação recente de grandes cadeias de yoga-academias nos Estados Unidos, o filme - que parece na verdade uma reportagem de tv compridona - me fez pensar sobre a minha própria prática. Porque yoga, aquilo a que a gente se refere quando fala 'tava lá na yoga', é só um pedacinho bem pequeno do que a Yoga pode ser. As posturas são a parte física, e tecnicamente são chamadas de asanas.  Além delas há mais outros tantos braços, ou métodos, indicados para a aproximação com a parte não-material - a espiritual, boa, iluminada, divina - que os yogis acreditam que a gente tem dentro da gente.  E isso envolve códigos morais, meditação, disciplinas físicas - muitos sadhus,  homens santos yogis da Índia, têm até práticas de mortificação! -, respiração adequada...  Enfim: um monte de coisas bem menos sexy do que os macacões de lycra suados em cima do tapetinho fancy do grande estúdio decorado com adesivo de flor de lótus.
Mas esse é um outro assunto, para outros post.  Por ora, aí vão os links para os três primeiros clips de Yoga,inc - os outros você encontra direto no youtube!:

Clip 1 - "East meets West"
http://www.youtube.com/watch?v=6baQ-MD3EaI

Clip 2 - "Lights.  Karma. Action!"
 http://www.youtube.com/watch?v=3lf-6DMDw08

Clip 3 - "If any idiot asks you"
http://www.youtube.com/watch?v=bMELGbfeMec


#14. Quem não tem bife caça com quinoa

Meus pesadelos vegetarianos foram historicamente assombrados pelos fantasmas da flacidez, da pelanca no papo, do osso que quebra, da bochecha caída, da coxa murcha, do músculo do tchauzinho ladeira abaixo... Porque eu sempre ouvi dizer que sem proteína na sua vida, bye bye construção muscular, e esse - com alguns outros - é o meu repertório pessoal de imagens associadas com pessoas que não comem a proteína que precisam. Se é verdade mesmo, daquelas científicas? - ah!, que isso eu não sei. 
Minhas assombrações têm dentes ainda mais afiados: com esse tanto de atividade física que eu invento, o que seria de mim? Degeneração mais rápida da musculatura e as perspectivas de uma lombar insustentável aos 40? Eu, a hippie natureba, transformada tão cedo no corcunda de Notre Dame?
O medo levou à imobilidade, a imobilidade à reação, e a reação tem nome: quinoa.

Olha, quinoa é um alimento bem legal pra quem é vegetariano - cozida, é uma das únicas comidas do reino vegetal que por si mesmas contêm proteínas inteiras, com todos os aminoácidos.  Ela é super fácil de cozinhar, também: você coloca uma parte dela e duas de água na panela, e vupt.  20 minutos e tá pronto.

Pra incorporar no dia à dia, tenho cozinhado muita quinoa no arroz, junto mesmo, e às vezes faço a quinoa sozinha, que coloco sempre que vou comer salada - ela absorve bem os temperinhos; deixa aquele monte de folha bem gostoso. É bem fácil e ajuda a espantar minhas assombrações vegetarianas - que eu também mando embora lendo sempre o blog maravilhoso da Sônia Hirsch:

www.soniahirsch.com


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

#13. Yoga em 10 minutos/10-minute yoga

[English version below]

Uma das vantagens de não adotar um sistema específico de yoga é a a possibilidade - ou a necessidade - de estar constantemente aprendendo e testando novas técnicas em si mesmo. Se por um lado a tarefa dá um trampo realmente infernal, por outro ela também ajuda a personalizar a prática, a torná-la mais criativa, menos padronizada, mais ligada à trajetória individual. À la Krishnamurti, em vez de gurus, professores e alunos: as posições se alternam, com o livre-pensamento e a verdade pessoal conduzindo o processo de autoconhecimento.

Do lado de cá, percebi que, por mais que eu deseje, a verdade é que não consigo seguir sistema nenhum. Por isso comecei a construir minha própria prática, e por enquanto vou achando bom, fazendo cursos aqui-e-ali, anotando tudo em caderninho, praticando todo dia ou sempre que dá, tendo mil idéias e aplicando em mim mesma as descobertas, eu minha própria cobaia no laboratório doméstico.

Uma técnica legal que descobri recentemente foram os "magic ten" - uma série de posturas de yoga encadeadas com a duração total de 10 minutos. Eles servem pra quem pratica há bastante tempo, pra quem quer iniciar uma prática em casa mas não sabe por onde começar, ou pra quem nunca fez yoga. Os "magic ten" são ótimos pra quem não tem tempo ou está cansado demais pra encarar uma hora e meia de contorcionismo, pra quem quer preparar o corpo pra meditar ou pra quem simplesmente acordou entrevado e quer dar uma esticadinha.  Aprendi fazendo uma aula de "Jivamukti Yoga" - uma linha bem recente criada por um pessoal em Nova York.

Eu uso os "magic ten" em casa, antes de fazer meus exercícios de respiração (pranayamas) e estou gostando bastante.  Às vezes faço depois da corrida, pra dar uma alongadinha mais legal.

Tenta os "magic ten" e depois me diz o que achou! O link: http://www.youtube.com/watch?v=fB6B9rQjEeU

Sobre Jivamukti: http://www.jivamuktiyoga.com/about/philosophy

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Those like me who find it difficult to embrace one specific, orthodox yoga system have at least one big advantage over others - or, seen from another angle, an extra concern -: they are pushed to constantly learning distinct techniques and to test them on themselves to create their own, personalized styles . That involves a heavy load of work, I know, but it also makes room for creativity - in fact, I think it is a distinct way of self-realization in which attention to one's experience becomes a key element in the Yoga journey.  Bringing Krishnamurti in, that means replacing gurus with teachers and students: we're always alternating between those two extreme roles, but in the end we're our own masters.


I have decided to take the non-path of personal Yogic chaos... but the good news is that I am now quite happy with my ever-ongoing learning process.  I keep taking courses, filling notebooks with impressions, changing my routine everyday and doing yoga poses madly both in my place, yoga studios and outdoors.  Recently I have learned this technique I'm quite excited about, the "magic ten". The "magic ten" consists of a series of alternate yoga poses whose execution does not take more than 10 minutes. They are suitable for those who have been into yoga for a while but they are also good for those who want to create a daily routine and don't know where to start - and as the exercises are quite gentle, I guess it applies even to those who have never experienced yoga. It's perfect for days in which you're dead tired, as a preparation for meditation or simply as a stretching exercise when you're feeling too stiff.

I have found about them in class of "Jivamukti Yoga" I took recently. From my side, I use the "magic ten" either before starting breathing exercises (pranayama) or as a stretching method after jogging.  Try them and let me know what you think!

Magic ten:
 http://www.youtube.com/watch?v=fB6B9rQjEeU

Jivamukti:
http://www.jivamuktiyoga.com/about/philosophy

#12. Sopa vegetariana super proteína/Protein-rich vegetarian soup

[English version below]

Dois anos vegetariana.  Um ano e meio morando sozinha com bolsa de estudante. Marmita pra baixo e pra cima, sanduichinhos na mochila de uma pessoa pra quem comer fora se tornou, assim, o momento especial do mês - aos 33 eu me tornei uma boa cozinheira. Adeus tempos de convidados quietos comendo meu macarrão. Deixo pra trás a mesa sem comentários e inauguro um momento da vida no qual meus amigos que comem carne me perguntam a receita da minha comida natureba.  Voilà!: a primeira é minha sopa de cenoura com quinoa - aquela que a gente faz em dois segundos e sem os equipamentos adequados, mas que é super gostosa e cheia de proteínas pros vegetarianos e veganos. E barata, como manda o budget estudantil.

"A MARAVILHOSA SOPA DE CENOURA COM QUINOA DA MARI" (vegetariana/vegana)

Ingredientes:
4 cenouras
1 pedação de alho poró OU 1 cebola
1 colher de azeite de oliva
6 cogumelos frescos
1 batata média OU duas batatas pequenas
1/3 de xícara de quinoa
uma colher de chá de gengibre (opcional)
um pouquinho de tomilho 

Corte o alho poró/cebola em rodelinhas/cubinhos e jogue numa panela com o azeite de oliva. Enquanto frita em fogo médio, corte as cenouras e a/s batata/s em rodelas não muito grossas.  Corte o champignon também em pedaços. Jogue tudo dentro da panela junto com o sal e os temperos e deixe fritando.  Se começar a queimar, jogue um pouco de água.  Deixe refogando por uns 10 minutos, depois coloque a quinoa.  Espere 5 minutos e depois jogue 500 ml de água. Deixe fervendo por uns 40 minutos e pronto.
Se você estiver no frio aqui da Suíça ou da França, tome com um vinho de 3 euros.
Se você quiser, pode colocar umas folhas de espinafre em cima da sopa pronta e quente, bem no seu potinho.
Maravilhosa com queijo ralado.
Eu realmente tenho agonia de sopa batida no liquidificador porque sinto que estou comendo papa de neném.  Se vocês gosta, tente, mas cuidado: coloque pouco de cada vez, porque sopa quente sobe (assustadoramente) dentro do liquidificador. Eu já fiz uma queimadura tenebrosa tentando fazer isso.

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It's been a little more than two years since I became vegetarian, and around one and a half that I got back to school. Carrying my own sandwiches and picnic up and down in my new super-low-budget student life, at 33 I can really say I became a great cook. No more silent guests trying to swallow my special dinner - I've left those times of traumatizing pasta behind. Now my meat-eater friends are even asking about my good-looking, healthy-sexy food.
So voilà: today I'm writing about my delicious carrot-quinoa soup - one that is super easy to prepare and doesn't require any fancy kitchen equipment. Yet it is protein-rich and tasty, so particularly suitable for vegetarians and vegans. And cheap, of course - very very cheap.

"WONDERFUL MARI'S CARROT-QUINOA SOUP" (vegetarian/vegan)

Ingredients:

4 carrots
1 big piece of leek OR 1 small onion
1 tbsp olive oil
6 fresh mushrooms
2 small potatoes OR 1 medium potato
1/3 cup quinoa
1 tsp chopped ginger
salt

Chop everything that is chop-able here: leek, carrots, mushrooms, potato.  Throw the chopped leek in a pan with olive oil+salt+ginger and leave it there. Add the carrots, the mushrooms and the potato/s, and leave everything cooking for around 10 minutes (if it starts to burn, add some 1/2 glass of cold water). The final ingredient is the quinoa, that must cook for other 10 minutes.  Finally add 500ml of (cold) water and leave the soup boiling for around 40 minutes.

If you're in Switzerland or in France you can have the soup with a 3-euros bottle of red wine.
Add spinach leaves over the ready hot soup in your bowl, if you wish so.
It gets delicious with grated grana padano cheese.
I'm not a fan of creamy soup - I feel I'm eating some sort of disgusting baby food.  But if you do like it, just use the mixer - but be careful.  I've burnt myself severely trying to do that last year...