terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

#19.Entrar no paraíso pedalando: guia pra viajar de bicicleta pela Suíça, parte 2

[Esse post é a continuação da parte 1, publicada no dia 7 de fevereiro. Pra dicas completas sobre viagem de bicicleta na Suíça, leia as duas publicações]


Enroscada nas frestas entre o estar e ao mesmo tempo partir, a vida é um passeio de bicicleta.
Se você morrer e tiver uma opção de transporte pra ir até a luz, escolha a bicicleta. 
E se você continua viva e quiser escolher um caminho pra felicidade, pegue uma ciclovia suíça e saia pedalando.

***
Como são as ciclovias na Suíça?
Aqui na Suíça as ciclovias são asfaltadas, mas você certamente vai encontrar trechinhos mais curtos que  não são pavimentados [informações precisas sobre sua rota você encontra lá no site www.veloland.ch].  O sistema de ciclovias é genial e gigante justamente porque não foi construído como uma alternativa às estradas - ele está dentro ou integrado a elas. Às vezes você pedala por uma ciclofaixa demarcada no asfalto, outras vai por uma ciclovia separadinha e paralela, e de vez em quando a plaquinha te manda pegar à direita, você simplesmente desvia e entra num parque para depois retomar a estrada lá na frente. Em qualquer dessas opções, o que acontece é que os caras aproveitaram mesmo a gigante malha viária suíça pra que você possa conhecer o país de bike.  Só que mais: ao construir as milhares de rotas ciclísticas, o pessoal resolveu indicar as estradas que atravessam as paisagens mais bonitas, algumas onde não passa carro e que cortam sitiozinhos no meio do nada, ou ainda caminhos pavimentados minúsculos que seguem os rios nos vales entre as montanhas. Você está pedalando na estrada e de repente pluft! está no meio de uma catedral em Sion, pra depois descer descer descer e dar de cara com a vista de uma cadeia montanhosa toda nevada na região do Valais.  Stricto sensu.
Na estrada, não se preocupe: os motoristas suíços são super cuidadosos. Mas eu não gosto de dar mole, por isso não pedalo de noite - o que, na verdade, não é lá uma grande limitação.  No verão o sol se põe às 10 da noite.

***
Com que bicicleta eu vou?
Uma coisa importante que às vezes a gente esquece: a bicicleta é um veículo. A gente não encara uma trilha de lama com um Ka, não vai na padaria de trator e dificilmente dará uma voltinha de Vespa na Sibéria. Em diferentes graus, é a mesma coisa com a bicicleta.
Primeira lei: a não ser que você vá pedalar bem pouquinho - digamos lá, uns 20 km -, não vá de city bike, essas bicicletas urbanas que muitas vezes não têm marcha. As dobráveis também se incluem nessa categoria. Ir com essas bikes é sinônimo de perrengue - elas foram feitas pra ajudar na nossa locomoção na cidade, não pra explorar o mundo.
Mountain bikes, muito populares no Brasil, não são a melhor opção porque afinal de contas você vai estar andando só no asfalto, e as mountains são pra trilha, mais robustas e pesadas, com pneus grossos.  Mas se não tiver jeito, vá lá!  Você vai suar mais, mas o importante é pedalar.
Se você quiser ir longe, longe, procure uma bicicleta gostosa e leve. Há bicicletas pra cicloturismo ou híbridas - com um pneuzinho um pouco mais fino, e nas quais você pode colocar um alforge e levar sua bagagem.
Eu não sou um bom exemplo e costumo ir com uma road bike, essas bicicletas de corrida que têm um pneuzinho fino, são levíssimas e correm pra dedéu (é que eu adoro realmente pedalar essas bikes em que você quase se funde com a máquina...). Elas são feitas exclusivamente pro asfalto, mas a minha e a da minha companheira de trilhas já encarou muita estrada de chão (miraculosamente) sem furar o pneu.
Você pode trazer a sua bici pra cá ou alugar aqui. Nesse site eles te dão dicas de como empacotar a bike no avião, e aparentemente não é assim tão hardcore:
Para alugar bike na Suíça:
Para escolher sua bicicleta:

***
O que levar num passeio de bicicleta?
Quanto mais leve, mais livre.
Eu tenho uma mochilinha bem pequena que eu levo quando passo final de semana - caso a viagem seja de um dia, vou com aquelas blusinhas de ciclista e enfio tudo nos bolsinho de trás.
Não esqueça: documento de identidade e dinheiro.
[Uma vez, por exemplo, eu bati a 30km/h num vaso, estraguei toda a bicicleta e tive que voltar de trem.  Sem dinheiro, tive que extorquir minha companheira Carol - lama amadora, eis o pior que pode te acontecer].
Comidinhas - banana e mix de castanhas com frutas secas são ótimos. Parar pra fazer piquenique em beira de lago é uma delícia.
Não seja besta: pare para comer e tomar uma cerveja nos restaurantes que estão pelo caminho, assim sua viagem vira uma exploração da cultura suíça também.
Água é vida, e na Suíça a água é potável.  Nas cidadezinhas ao longo da rota você vai encontrar um monte de fontes gratuitas pra encher sua garrafinha.
Nunca esqueça um bom capacete.
Nunca esqueça luvas e corta-vento levinho -  a ventania aqui não é brincadeira, meus amigos.
Sempre tenha um mapinha ou iphone na mão.  Efeito placebo nunca é demais num país estrangeiro.
***

Algumas fotinhas:


Exemplo de ciclovia: flores, cachorro e pedestre




Uma das milhares de pontes lindas que a gente atravessa no meio da ciclovia



Paisagem de um rio cinza (!) no meio da rota


***


Se você quiser pedalar pela Suíça e precisar de mais dicas, só escrever um comentário pra mim aqui. 
E mais uma vez: tudo que está aqui foi de alguma maneira aprendido, compartilhado, vivido, sofrido, e/ou aproveitado com a Carol - minha amiga-irmã, companheira de ciclismo e aventuras.  Namastê, Caroles.

Todas as fotos por/no celular de CAROL.

Nenhum comentário:

Postar um comentário